O Centro de Mossoró se tornou insustentável. O aumento da quantidade de moradores em situação de rua, muitos usuários de drogas, transformou a região em uma verdadeira “Cracolândia”. Lojas arrombadas, sujeira, lixo, insegurança, comerciantes amedrontados viraram rotina. O assassinato do empresário Christian Noronha por “Pernalonga”, um conhecido da polícia, escancara a falência das políticas públicas. Pontos turísticos e áreas de grande circulação, como o Teatro, a Catedral de Santa Luzia, o Banco do Brasil e as praças, viraram redutos de consumo de drogas e abrigo improvisado.
Sempre houve moradores de rua em Mossoró, mas, desde a pandemia, a situação piorou. O poder público lavou as mãos. E não sabe como resolver isso. A crise econômica, o desemprego e a desestruturação familiar jogam milhares de pessoas na miséria e no vício. Facções criminosas recrutam jovens na porta das escolas, e o álcool e drogas servem como fuga para o fim do poço. A Guarda Municipal tenta conter o caos, mas a questão não é apenas de segurança — é social e de saúde pública.
As operações policiais são apenas paliativos. A “Operação Saturação” pode dar uma resposta imediata, mas o problema persiste porque não é atacado em sua raiz. Sem políticas efetivas de reinserção social e combate às drogas, o cenário vai piorar. Medidas emergenciais sem estratégia de longo prazo são apenas enxugar gelo.
Enquanto nada é feito, o Centro segue tomado pelo medo. Ontem mesmo, um morador de rua foi abordado no Teatro Municipal portando uma faca. São essas pessoas, vítimas e agentes da crise, que intimidam e ameaçam por dinheiro para sustentar o vício. Se nada mudar, a violência só vai crescer.
Ismael Sousa .