O Vereador Gabriel César (PL) protestou contra exibição de bandeira LGBT em desfile de Parnamirim – Foto: Reprodução
A exibição de uma bandeira do arco-íris em alusão à comunidade LGBT+ durante um desfile cívico causou polêmica em Parnamirim, município da Grande Natal, na última sexta-feira (1º). O assunto viralizou e virou pauta de debates na cidade, gerando inclusive bate-boca entre vereadores na Câmara Municipal.
Tudo começou porque integrantes de uma banda marcial de São José de Mipibu, convidada por uma escola de Parnamirim, levou a bandeira LGBT para a cerimônia em uma ala dedicada ao tema da diversidade de orientação sexual e identidade de gênero.
O caso aconteceu no desfile da Banda Marcial Felipe Tavares, ligada à Escola Municipal Felipe Tavares de Paiva, que fica em Taborda, localidade entre Parnamirim e São José de Mipibu. A banda foi convidada pela Escola Municipal Presidente Artur da Costa e Silva, de Parnamirim.
O vereador Gabriel César (PL) não gostou da atitude e, logo após o desfile, publicou um vídeo nas redes sociais se dizendo “revoltado” com a presença da bandeira em referência à comunidade LGBT.
“Acabei de sair do desfile cívico de Parnamirim. Muito bem organizado, mas tem algo que me deixou extremamente incomodado e eu fiquei revoltado quando eu vi. Uma escola que trouxe uma banda de outro município… Vi uma bandeira do LGBT. Isso não devemos aceitar. Desfile cívico fala sobre cidadania, patriotismo. É ter a bandeira do Brasil, de Parnamirim, das escolas, do estado do Rio Grande do Norte, mas bandeira LGBT não. Escola é lugar para aprender matemática, ciências, biologia, não é para ter ideologia discutida em escola não”, afirmou o vereador.
Na publicação, Gabriel César cobrou medidas da Prefeitura de Parnamirim. “Isso não pode acontecer. Irei cobrar da Secretaria de Educação, da Prefeitura, para que tenha um protocolo, diretrizes e proíbam esse tipo de coisa. Isso não pode acontecer. Não deixaremos que essa situação não se repita no ano que vem. Trazer ideologia para dentro das escolas, não. Em Parnamirim é diferente”, pontuou Gabriel.
Banda, escola e secretário repudiam fala
Em nota, a Banda Marcial Felipe Tavares repudiou as declarações do vereador, as classificando de “homofóbicas”. Disse também que vai buscar a Justiça para que o vereador responda pelo que eles chamaram de crime.
“Como integrantes de um grupo que preza pela inclusão e respeito a todas as formas de amor, nos sentimos profundamente ofendidos por suas palavras. A Banda Marcial da Felipe Tavares é um espaço de união, onde celebramos nossa diversidade e valorizamos a liberdade de expressão. A presença da bandeira LGBT não apenas representa nossos valores de igualdade e respeito, mas também é um símbolo de acolhimento para todos, independentemente de sua orientação sexual”, afirmou a banda.
A banda diz, ainda, que, “é inadmissível que um representante político, cujo papel deveria ser de defesa dos interesses públicos, promova a disseminação de discurso de ódio e discriminação”.
A Escola Felipe Tavares também soltou nota. No texto, a escola “repudia de forma veemente quais atitudes homofóbica e preconceituosa”. “A escola informa que, conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, sempre pautou seu ensino nos preceitos da autonomia, da democracia e da cidadania, independente de raça, religião ou gênero”, destacou a instituição de ensino.
Já o secretário de Educação de Parnamirim, Gildásio Figueiredo, disse o seguinte: “Os tempos mudaram. A humanidade é muito diversa. Devemos respeitar a todos. No momento em questão, todos somos brasileiros. Somos patriotas, portanto, não me incomodei. Aliás, nem vi”.
A Secretaria Municipal de Educação de São José de Mipibu foi procurada, mas não retornou aos contatos da reportagem