“É indigesto”. Foi essa a palavra que o candidato ao Senado, deputado federal Rafael Motta (PSB) usou para classificar a aliança política entre a governadora Fátima Bezerra (PT) e o ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo Alves (PDT), candidato a senador na chapa governista. Para o parlamentar, se aliar a quem apoiou e votou no presidente Jair Bolsonaro (PL) e que, há seis meses, dizia que a gestora “não tinha condições de gerir uma birosca”, teve como consequência a rejeição ao nome de Fátima para a corrida eleitoral.
“Não era necessário. Tenho certeza que Carlos Eduardo não seria uma ameaça como candidato a governador. No meu ponto de vista, quem seria, talvez, a maior ameaça era Álvaro Dias, mas não sairia candidato. Ele disse, reiteradas vezes, que tinha um recurso muito grande para investir em Natal, um filho candidato a deputado estadual. Então, seria um risco para ele sair da Prefeitura com mais de R$ 1 bilhão para ser gasto, para ser candidato e talvez ser governador de um Estado com muitos problemas”, afirmou.
Preterido na chapa da governadora, que escolheu apoiar Carlos Eduardo na disputa pelo Senado, Rafael criticou a escolha de Fátima, a quem ele garante voto incondicional. “Do meu ponto de vista, não foi uma estratégia bem armada, que a população viu com bons olhos. Trazer isso para dentro [da chapa] trouxe, para ela, uma palavra chamada rejeição. O presidente Lula está circulando com quase 50% de intenção de voto e a governadora está beirando os 30%, 35%. Acho que do ponto de vista estratégico, não foi uma boa estratégia, mas respeito”, falou.
Para o candidato ao Senado pelo PSB, “as narrativas que trazem é de que: ‘Rafael Motta chegou atrasado nessa composição’. Mas, eu não cheguei atrasado. Estou desde agosto de 2021 conversando de forma diplomática e respeitosa. A outra narrativa é de que: ‘a candidatura de Rafael Motta privilegia Rogério Marinho’. Sou antibolsonarista, voto em Lula e [meu partido faz composição na chapa de Lula à Presidência]. O que se torna, de certa forma, incompreensível, do meu ponto de vista, é você ter um candidato que tem um candidato [Ciro Gomes] e que vai fazer palanque para outro candidato à Presidência [Lula]”, afirmou.
Rafael disse ainda ser uma pessoa diplomática e que, segundo consta a ele, Carlos Eduardo teve reunião com a oposição, onde ele seria candidato a governador, já com o nome de um vice e senador, só aguardando a resposta do pedetista para bater o martelo no dia seguinte. No entanto, Carlos Eduardo não apareceu à reunião e foi para a base da governadora.
“Não fomos consultados como o maior partido que dá suporte ao governo do Estado e ao projeto da governadora Fátima Bezerra. Mas, respeitamos. É uma decisão. Houve o encontro tático do PT. Foi uma reunião homologatória. Algumas pessoas [dentro do PT] colocaram posição contrária, não tinham aceitado isso, a governadora utilizou desta estratégia, e respeito muito, apesar de achar que foi estratégia tomada de certa forma atabalhoado”, explicou, em entrevista à Rádio Princesa FM.
ESTAVA À DISPOSIÇÃO DO PT
De acordo com Rafael Motta, desde agosto de 2021, quando Lula esteve em Natal, ele afirmou estar à disposição do PT. E que a fala foi repetida à Fátima Bezerra.
“Aí começou essa construção de bastidores. Nossa construção saiu das ruas, onde sou muito atuante e, em todos os cantos que eu ia, o povo dizia que não tinha opção para candidato ao Senado, que não dava para votar em nenhum dos dois (Carlos Eduardo e Rogério Marinho), porque um tinha um posicionamento, o outro não era de confiança. As pessoas começaram a nos questionar, a própria militância do PT também falou da mesma forma. Foi daí que surgiu nossa pré-candidatura sendo construída e hoje, compondo uma candidatura ao Senado”, pontuou.