O PT adotou nesta sexta-feira (12) cautela em relação às recentes pesquisas eleitorais que apontaram crescimento do presidente Jair Bolsonaro (PL) em pesquisas nos dois maiores colégios eleitorais do país, São Paulo e Minas Gerais.
No geral, a diminuição da distância entre ambos causou apreensão entre os petistas, mas não a ponto de alterar a estratégia em curso da campanha de focar o discurso nas críticas a indicadores econômicos que afetam a vida real da população, como inflação e emprego. A avaliação é de que é preciso aguardar as pesquisas nacionais que serão lançadas na próxima semana, em especial a do Ipec (ex-Ibope).
“Estamos trabalhando com pesquisas feitas pela coordenação da campanha e consolidado de pesquisas presenciais. Na pesquisa desta semana e consolidado das últimas pesquisas, Lula e Alckmin em posição de dianteira com cerca de 42% a 46%, a melhor posição para período da pré-campanha da história de todas as pesquisas. Há uma ligeira subida de Bolsonaro, chegando a cerca de 32% na melhor posição, próximo do teto, considerando os que dizem não votar nele, cerca de 35%. Há também queda de indecisos e de outras candidaturas”, disse à CNN um dos coordenadores políticos da campanha, Wellington Dias.
A conclusão dele é de que “Lula não caiu e tem espaço para crescer”. “A campanha começa dia 16. Vamos abrir a na melhor posição de todas as eleições. Posição firme para primeiro turno e grande perspectiva de vitória no primeiro turno”, completou.
A leitura de que a campanha sequer começou também é compartilhada pelo deputado Alexandre Padilha. “Até agora só o governo federal tem a iniciativa quase sozinho. Dia 16 começa a campanha e passamos a falar todo dia. Passaremos a falar e ser cobertos de maneira igual diariamente com as campanhas de proporcionais e governos estaduais saindo as redes e as ruas “, disse à CNN. Ele coloca, porém, a necessidade de se aproximar do voto feminino evangélico.
Sob reserva, um interlocutor de Lula disse à CNN que em campanhas é preciso estar preocupado o tempo todo e que é evidente que nas últimas semanas as pesquisas indicam redução da rejeição a Bolsonaro mas que apesar de o presidente ter subido Lula não caiu. Ele, porém, disse que os dados até agora apontam que a eleição será mais apertada do que parecia e que apenas após o Sete de Setembro é que o quadro deverá estar mais delineado, inclusive com o impacto das campanhas das duas candidatas femininas, Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil). Há uma leitura de que pelo tempo de televisão de que ambas dispõem, elas poderão crescer nas pesquisas.
Para esta fonte, Bolsonaro cresceu por dois motivos. Um, econômico: a baixa do preço do combustível e início do pagamento de benefícios sociais. Outro, ideológico: a intensificação da campanha por parte dos bolsonaristas no discurso sobre costumes. Por exemplo, a narrativa de que o MST invadirá propriedades rurais e um discurso religioso.
Mais de um petista relatou que ainda não foi possível agregar os votos de Andre Janones, que pontuava nas pesquisas com cerca de 2% de intenções de voto e que desistiu da candidatura presidencial para apoiar Lula.
Nesta sexta-feira, Janones inclusive criticou a campanha. Disse em suas redes sociais que “Ou a esquerda senta no chão da fábrica pra conversar com os operários ou já era. Detalhe: o chão da fábrica atualmente, são as redes sociais, em especial o Face”. Também falou que “ou a gente sai das Fiesps da vida, da USP e do Twitter e tomemos os grupos de Whats, as comunidades, as feiras populares e o interior do país, ou já era. Chega de esperar que o povo venha até nós, é hora de irmos ao povo!”.
Falou ainda que “enquanto a esquerda não trocar “renda mínima” por “dinheiro pro povo”, “carta em defesa da democracia” ao invés de “carta em defesa do povo”, e “nossas diretriz de programa” por “nossas propostas para os brasileiros”, o bolsonarismo continuará nadando de braçadas.”
CNN Brasil